Dois meses!

Em época de pandemia, é como se estivéssemos presos no presente, segundo Felix Ringel

Sentados à mesa ao final do café da manhã na última quarta-feira (1), minha esposa e eu conversávamos sobre coisas do dia a dia, depois falamos sobre as últimas notícias a respeito da pandemia, até que a conversa acabou tomando um rumo filosófico nada planejado.

Comentei:

– Ontem fez dois meses que saí do meu antigo trabalho.

E ela respondeu com um espanto que me surpreendeu:

– Dois meses!

Por um instante fiquei calado e curioso para saber o que estava por trás daquela exclamação. E ela continuou com outra exclamação:

– Em dois meses você já fez tudo isso!

Então entendi o que ela estava querendo dizer. Vou precisar usar bullets para resumir o que fiz em dois meses:

  • saí de um emprego no qual estava há 12 anos e meio;
  • fui aprovado na minha qualificação do Mestrado;
  • abri uma empresa. E quando digo abrir, foi abrir de verdade, legalmente; construção de identidade; definição de missão, visão, valores e propósito; ufa! cansei;
  •  encontrei e estabeleci parcerias muito produtivas;
  • encerrei a disciplina de graduação sobre Planejamento da qual estava participando como estagiário docente, na ECA/USP.

Talvez seja confortante saber que podemos, e devemos, enganar o tempo e planejar o futuro – mesmo quando nos sentimos presos no presente

Felix Ringel

Tudo em dois meses!

Havia separado este artigo do Jornal Nexo “Como a pandemia mudou a nossa percepção do tempo”, escrito pelo professor assistente de Antropologia na Durham University, Felix Ringel, que curiosamente se define como antropólogo do tempo.

Ringel analisa como o período que estamos vivendo agora pode afetar a nossa capacidade de planejar. Temos a sensação de estarmos presos no presente. Lembrei daqueles filmes de ficção científica em que o protagonista é colocado em um eterno loop de tempo. Dormindo e acordando sempre no mesmo dia. Diante de tantas incertezas temos uma sensação muito parecida, de estarmos presos no presente e, pior, totalmente incapazes de planejar.

Inconscientemente, acabei seguindo as orientações de Ringel para quebrar esse loop temporal. Segundo ele, “talvez seja confortante saber que podemos, e devemos, enganar o tempo e planejar o futuro – mesmo quando nos sentimos presos no presente”. Esses dois meses!, têm demonstrado para mim como é desafiador e, ao mesmo tempo, como dá medo de sair da prisão do presente, mas temos que seguir em frente.

Escrevi este texto para comemorar o lançamento deste espaço na internet. A novidade faz parte da minha libertação: o site da GT ComRP está no ar! Mais do que um site institucional, a ideia é que seja um hub para muitas trocas de experiência e de conteúdos que possam ajudar um pouquinho a voltarmos a planejar nosso futuro. Faça parte dessa aventura! Passe sempre por aqui. Interações e contribuições serão recebidos com muito carinho.

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